18 de jun. de 2011

dificuldade de deixar...



As vezes é estranho pensar em como os nossos sentimentos com relação às pessoas mudam. Até dói um pouco pensar assim. Um dia você tem uma pessoa convivendo contigo, e no outro dia ela vai embora. Então você pensa que nunca mais vai conseguir encontrar outra pessoa que te deixava tão feliz quanto ela te deixava, porque ela era inexplicavelmente importante, consideravelmente essencial. Ela era o tipo de pessoa que, quando você via, lembrava de algo idiota que aconteceu e ria, simplesmente ria. Aquela que sempre te fazia lembrar de uma música, ou uma música fazia você recordá-la. Então no dia em que ela se vai, aparece aquele sentimento impertinente de perda e desolação como se nada mais fosse fazer importância na vida.
A questão é que não é assim. A verdade é que com o tempo nos acostumamos com a mudança, por mais cruel ou devastadora que ela pareça inicialmente. Provavelmente sofremos pois não gostamos de mudanças. Porque elas nos provocam medo, insegurança, e, normalmente, preferimos ficar na nossa zona de conforto, fingindo que tudo está certo, que nada precisa ser mudado, que não haverá problemas se não nos importarmos com coisas que irão fazer-nos enfrentar novos problemas. É por isso que dificilmente optamos por realizar uma mudança drástica por livre e espontânea vontade. Preguiça. Porém, existem algumas circunstancias na nossa vida em que a mudança é imposta. Não pede opinião, não pede licença. Simplesmente vêm. Então sofremos. Sofremos pois ela é repentina, ela é inesperada. E é então que acontece. Aí é que começa todo aquele processo de ruína de sentimentos. Principalmente se a mudança é do tipo que arrasta pessoas para longe da nossa vida, para longe dos nossos dias. Mas então somos obrigados a continuar, e o mundo permanece em um ritmo tipo um rock muito louco, ninguém pára a sua vida para ver o que houve com você. E o que acontece? Os dias passam, as vezes lentos, as vezes rápidos, e quando você percebe, está sorrindo. Sorrindo novamente. É como se alguma coisa mudou em você e você nem viu. Provavelmente mudou, mas é impossível perceber isso se uma parte sua ainda está agarrada àquela pessoa que se foi. Mas a culpa do seu sofrimento não é de ninguém. A culpa é sua, porque era você quem não queria deixar a vida acontecer, não queria aceitar os fatos.
E depois, você descobre que pode ser feliz sem aquela pessoa. É claro que ela deixou uma saudade enorme em você, mas é possível. De repente você aprende a tocar violão, se apaixona por desenho, começa a gostar de ler, começa a trabalhar, descobre que gosta de coisas que nem imaginava, começa a gostar de correr, começa a gostar de física, aprende a falar italiano. Você descobre que plantar e cuidar de uma flor pode te deixar feliz, pode te realizar de uma forma que você nunca teria imaginado.
E aquele falso sentimento de “eu não sei viver sem você” passa. Uma frase diz que aquela velha história de eu não sei viver sem você só vale se você namorar tipo, o oxigênio. É claro que a dor e a saudade deixadas se um amor se vai não incrivelmente desoladoras, é até inútil explicar porque elas não podem ser traduzidas em algumas palavras, assim como o amor. Mas a dor passa com o tempo, fica só a saudade. Saudade das coisas vividas e desejo de viver o que a partida não permitiu. Porem, e é claro que sou eu quem acho isso (talvez algumas pessoas discordem), a auto depreciação é um pecado capital quando buscamos a felicidade e realização. Porque a vida é assim, existem perdas e ganhos, e nós temos que aceitar isso, porem, nunca deixar de fazer o que está ao nosso alcance. Um dia até acontece de você ouvir aquela musica que te lembra aquela pessoa, e você ficar feliz, sendo que isso te causava uma dor insuportável antes. Vê alguém andando na rua e sorri ao perceber a semelhança no caminhar. Não tem problema se só você acha isso, afinal, cada cabeça é um mundo diferente. O importante é o que foi vivido, os momentos que, por mais que tenham deixado saudade, ficam guardados como se fossem um tesouro.
E ai, quando isso acontece, você percebe que estava errado quando pensou que nunca mais iria rir daquela maneira ou encontrar uma pessoa que fizesse mesmo a diferença. Basta olhar ao redor e ver com o coração quem agora faz parte dos seus dias. E não vale a pena tentar ficar se preservando de conhecer, de gostar verdadeiramente de alguém que está ao seu lado só para mais tarde não entrar novamente naquele poço de tristeza, porque, de repente ela se vai, e nem deu tempo de ela deixar marcas na sua vida ou você deixar na dela. Afinal, o significante de qualquer relacionamento, independente se for de amor ou amizade, é o que as pessoas nos ensinam, a felicidade que nos transmitem, a paz que elas emanam, e o que elas deixam em nós quando partem.

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sorriso