28 de out. de 2011

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Não te quero senão porque te quero, 
e de querer-te a não te querer chego, 
e de esperar-te quando não te espero, 
passa meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante, 
é não te ver e amar-te,
como um cego.
Talvez consumirá a luz de Janeiro, 
seu raio cruel meu coração inteiro, 
roubando-me a chave do sossego, 
nesta história só eu me morro, 
e morrerei de amor porque te quero, 
porque te quero amor,
a sangue e fogo.
[Pablo Neruda] 
 

27 de out. de 2011

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"Bendito seja aquele cuja importância não obscureça a sua verdade."[R. Tagore]

encontro

Na ânsia de encontrar o motivo que fazia meu coração pulsar buscava teus olhos nos olhos de cada um. Encontrei-os aflitos, brilhando intensos e pareceu-me que desejavam o mesmo que os meus. Inicialmente a modéstia fez-me crer que só eles me bastariam. Mas não. Desejei e desejo mais. Suas mãos, seus cabelos, sua boca. Estranhíssimo não conseguir falar sabendo-se que há tanto a ser dito. Mas por uma fração de segundo pude sentir teus olhos falando aos meus o que nenhuma palavra poderia explicar. Imprevisível demais, poderia causar incertezas, angústia. Porém a verdade é que eu amo imprevisibilidades. 

26 de out. de 2011

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"Lembra-te que há um querer doloroso
E de fastio a que chamam de amor.
E outro de tulipas e de espelhos
Licencioso, indigno, a que chamam desejo.
Há o caminhar um descaminho, um arrastar-se
Em direção aos ventos, aos açoites
E um único extraordinário turbilhão.
Porque me queres sempre nos espelhos
Naquele descaminhar, no pó dos impossíveis
Se só me quero viva nas tuas veias?
[Hilda Hist]