25 de jun. de 2012

Canção de outono

Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.

De que serviu tecer flores
pelas areias do chão,
se havia gente dormindo
sobre o própro coração?

E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando àqueles
que não se levantarão...

Tu és a folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...



[Cecília Meireles]

Um comentário:

  1. Oi, Manu, bom dia!!
    Aqui, você mexeu com algo precioso demais para mim: a poesia de Cecília Meireles. Especialmente o que nela é mais peculiar, e que está também tão impregnado em mim: a poesia melancólica, a poesia reflexiva, a poesia que repassa a vida enquanto as rimas aparecem quase por acaso...
    Amo Cecília, amo esse poema tão verdadeiro, porque, olhando com olhos de outono, a vida também é isto (embora a possamos olhar com olhos de verão e de primavera!).
    Obrigado pela linda postagem. Sempre amo vir aqui.
    Um beijo carinhoso
    Doces sonhos
    Lello

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sorriso